quarta-feira, 8 de abril de 2009

Quer ser jornalista? Compre um celular

Informações do site dialética.org
26 de abril de 2006

Sabe o que está tirando o sono de muitos profissionais interessados em aproveitar todo o potencial das novas tecnologias? Acertou quem respondeu “celular”. Está todo mundo de olho nesse mercado impressionante: no Brasil, é praticamente um telefone para cada dois habitantes. Estimativas apontam que essa brincadeira pode gerar um faturamento de US$ 42,8 bilhões em todo o mundo, daqui a quatro anos.

Atualmente, a expressão “conteúdo para celular” está restrita ao entretenimento. Tirando o evidente uso como telefone, praticamente 80% da movimentação está ligada a torpedos e ringtones. Saiu na frente quem está diretamente ligado à música, como alguns canais que exibem videoclips convidando o usuário a participar do bate papo ou baixar o sucesso. Pessoalmente, não conheço ninguém que use com frequência algum serviço informativo.

Isso quer dizer que ainda existe uma minoria interessada em conteúdo jornalístico: iniciativas que inundam os programas de TV, como a Seleção do Faustão podem funcionar por duas razões. A primeira é atrelar o recebimento de boletins à participação em um sorteio de prêmios. A segunda é a própria força da Rede Globo, disposta a usar todos os seus tentáculos para promover cross-marketing.

Mas se o celular ainda está longe de ser o melhor receptor de notícias, ao menos já podemos considerá-lo um tremendo gerador de conteúdo. Há muito tempo é possível blogar ou publicar fotos usando apenas o telefone móvel. Lembram do show do U2? Em cada uma das duas noites, o Morumbi recebeu 70 mil potenciais jornalistas, que informavam tudo em tempo real. Agora pense ,o mesmo fenômeno a qualquer hora do dia, em qualquer lugar. Mais do que isso: em vez de toneladas de links descentralizados, imagine todo esse conteúdo em um único endereço.

Não precisa imaginar mais. Conheci no E-Media Tidbits a idéia do Pablo Altclas, um portenho aficcionado por celulares: chama-se Cronicas Moviles, um espaço de expressão livre gerado por uma integração ilimitada de diferentes pontos de vista, via celular. Na Argentina, são 22 milhões de celulares, 1,5 milhão com câmera. E segundo a imprensa local, já existem 150 pessoas inscritas no projeto.

O blog do Pablo Altclas já funciona como um protótipo: entre os posts, muitas entrevistas em vídeo discutem o impacto dos blogs e as novas formas de jornalismo cidadão. Sua conclusão? “qualquer um pode cobrir uma notícia e contar a sua realidade”, declarou em uma entrevista ao jornal Página 12.

Não vai demorar muito para que alguém desenvolva a mesma idéia, focada ao menos em uma cidade como Rio ou São Paulo.

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